Caiu a casa da Editora Abril: suntuoso edifício sede é da
PREVI
A
revista Veja, da editora Abril, tem se mostrado interessada
em repaginar reportagens antigas sobre fundos de pensão e
imóveis, mas omite as relações obscuras que levaram ela
própria a ser a feliz ocupante de
um moderno e suntuoso edifício da PREVI (fundo de pensão
dos funcionários do Banco do Brasil).
A Editora demo-tucana está instalada em um dos mais
suntuosos e modernos edifícios de São Paulo, desde 1998 (ano
da reeleição de FHC).
Trata-se do Edifício Birman 21, também conhecido como NEA
("Novo Edifício Abril"), na Avenida das Nações Unidas, 7221.
Nas
palavras do chefão Roberto Civita, é equipado com um bom
restaurante, um bom "chef", bons vinhos, onde Civita convida
todos os dias alguém para almoçar. Os habituais são José
Serra, FHC, Aécio Neves, Tasso Jereissati, Gilmar Mendes,
Sergio Guerra, Álvaro Dias... em geral demo-tucanos que
conspiram e articulam factóides da semana e concedem
entrevistas nas paginas amarelas, além de empresários e
autoridades do poder judiciário, entre outros.
Até aí nenhum problema, vivemos em uma democracia, e a
extrema-direita tem direito de ter seus porta-vozes na
imprensa (só não tem direito de conspirar, publicar mentiras
contra adversários, nem trocar favores políticos por
"favores" financeiros com dinheiro público).
O problema é quando, no meio da ideologia, entram negociatas
financeiras, misturando o interesse público de trabalhadores
de fundos de pensão, com os interesses econômicos privados
de uma empresa, com os interesses políticos demo-tucanos.
Essa mistura de interesses se revela quando vemos que "Novo
Edifício Abril", não pertence ao grupo Abril, nem ao Naspers,
nem à Telefonica da espanha (sócios do grupo Abril), e sim a
PREVI (Fundo de pensão do Banco do Brasil).
O "Novo Edifício Abril" é fruto de uma "joint-venture" entre
a
incorporadora brasileira Birman (de Rafael Birman, irmão
de Daniel Birman, do grupo Arbi) e a
estadunidente Turner Corporation.
A PREVI entrou com o dinheiro, comprando o imóvel para sua
carteira de investimentos.
E o Grupo Abril conseguiu alojar-se neste patrimônio da
PREVI em 1998, no governo FHC, quando a PREVI estava sob
influência de Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de
campanha de José Serra (PSDB/SP) e Fernando Henrique Cardoso
(PSDB/SP).
Não sabemos os termos do contrato com a PREVI no governo de
FHC e Serra, onde o Grupo Abril só pode ter feito um bom
negócio, para aceitá-lo.
Não sabemos valores, nem prazos. Mas a PREVI precisa ver as
cláusulas do contrato que permitam exigir um aluguel de
mercado que garanta boa rentabilidade, ou entrar com uma
ação de despejo na justiça.
Neste mesmo ano de 1998, Ricardo Sérgio de Oliveira era
diretor do Banco do Brasil, e foi
gravado durante a privatização das teles conversando com
o então ministro das comunicações Luiz Carlos Mendonça de
Barros. Eis o diálogo:
“Está tudo acertado”, diz Mendonça de Barros para Ricardo
Sérgio. “Mas o Opportunity está com um problema de fiança.
Não dá para o Banco do Brasil dar?”
“Acabei de dar”, responde Ricardo Sérgio. “Dei para a
Embratel e 874 milhões para o Telemar (Tele Norte Leste).
Nós estamos no limite da nossa irresponsabilidade. São
três dias de fiança para ele”, continua o diretor do Banco
do Brasil, quase rindo.
“É isso aí, estamos juntos”, diz Mendonça de Barros.
“Na hora que der merda (Ricardo Sérgio se refere ao
astronômico valor da fiança), estamos juntos desde o
início.”
As teles foram vendidas, inclusive para o Opportunity de
Daniel Dantas, no limite da irresponsabilidade.
Até onde foi o limite da irresponsabilidade na entrega pela
PREVI do "Novo Edifício Abril" para alojar os donos da
revista Veja?
Se a revista tivesse brios, apresentaria a seus leitores uma
explicação com transparência de todo esse negócio.
A corrupção na imprensa brasileira é tão grande ou maior do
que na própria política. Basta lembrar que a distribuição de
canais de TV e emissoras de rádio foi comandada, sobretudo
pelo finado Antonio Carlos Magalhães (PFL/DEMos), para
parlamentares "amigos do rei".
No mensalão do DEM, quem estava colocando dinheiro na cueca
era um dono de jornal. Globo, Abril, Estadão e outros tem um
histórico de empréstimos públicos temerários, que ás vezes
resultaram em perdão ou permuta da dívida, e de socorro
financeiro, além de obscuras propagandas "institucionais"
onde, apesar do arcabouço legal, a lei não enxerga onde
termina uma relação comercial de anunciante, e onde começa
uma relação promíscua de anúncios desnecessários e
superfaturados, apenas para justificar transferência de
dinheiro público, em troca de apoio político camuflado no
noticiário. |