24/01/2022

Hoje, dia 24 de janeiro, burocraticamente é dedicado ao aposentado. Também poderia ser o dia do explorado, do esquecido, do saco de pancadas, dos otários desunidos, ou até mesmo do lixo que sobrou de uma sociedade eficientemente ativa, pujante, respeitada, ironicamente construída por esses imprestáveis dos tempos atuais. O enquadramento não é oficial. Mas forjado na mente de inocentes úteis que, parece, tomaram o elixir da juventude e tripudiam dessa classe. Como se eternizados na casta produtiva dominante e esquecendo que fomos nós os obreiros que permitiram esse estado de coisas. Pois não dão a mínima pelo que fizemos em nome de um futuro que não chegou, porque velhos na minha condição ultrapassaram a barreira do tempo em direção a nada.

Embora seja composta de milhões de brasileiros com poder de voto, se constitui em uma categoria sem vulto que não faz sombra a ninguém. E a data pífia das “homenagens” nem feriado é, para gáudio dos comerciantes a quem não carregam poder de compra entupindo as lojas em dias de promoções com resultados ínfimos. Igualmente desagradam à rede bancária obrigada a atender filas intermináveis no dia do pagamento de suas merrecas previdenciárias. De igual modo é renegada pelas autoridades monetárias que são levadas a disponibilizar fortunas para os esburacados bolsos, fruto de benesses políticas espertamente criadas em épocas de crise financeira. Até o INSS, que deveria cuidar condignamente dos benefícios em manutenção, mas é omisso (à falta de poder decisório), amarga enormes filas diárias de postulantes a melhores salários – lembrando um cortejo de desesperados em busca de pão.

É isso que vejo e sinto, aposentado de 82 anos, que sobrevive à custa das migalhas previdenciárias pagas com o dinheiro que guardei em mãos não confiáveis. Mãos que atualmente o devolvem sovinamente, a conta-gotas, forçadas por Leis criadas por “velhos” legisladores de bom senso num passado remoto – no tempo em que se “amarrava cachorro com linguiça”. Tão distante que os “benefícios” criados estagnaram na barreira do tempo, por certo como castigo aos que se permitiram viver além dos limites consentidos pelos, quem sabe, aposentados de amanhã. Estes que, aí sim, conhecerão a reversão do castigo – se lá chegarem.

De todo modo, cabe a nós, aposentados e pensionistas, pedir a Deus clarividência na hora do voto saneador em qualquer esfera. Particularmente, no nosso caso, afastando o risco de se votar em coloridos pretendentes à perpetuação em sinecuras listados no CANAEL (www.canael.com.br).

Marcos Cordeiro de Andrade
Presidente da AAPPREVI