Estamos presenciando um impasse na solução da grave situação em que se encontra a CASSI.

Sua eliminação exige de cada associado e dos formadores de opinião uma reflexão profunda, disponibilidade para compreender a realidade, para rever conceitos firmados e sinceridade na busca da melhor solução.

Quando o diagnóstico é errado, o tratamento dado é inadequado e a cura não é alcançada.

Muitos entendem que, pelo fato de o Banco designar o Presidente e o Diretor Financeiro, ele seja o maior culpado pela situação de desequilíbrio econômico e financeiro, se não o único, que ele não queira assumir essa responsabilidade e que pretenda transferir o ônus exclusivamente aos associados.

Esse entendimento é falso.

Não é a nomenclatura da diretoria que define as responsabilidades e sim o que dispõe o Estatuto.

A Diretoria de Finanças não gera despesas assistenciais, que representam mais de 90% do custo total.

Quem as gera são as duas diretorias ocupadas por diretores eleitos.
À Diretoria de Finanças compete receber as contas apresentadas pelos prestadores de serviço, conferir se o que está sendo cobrado tem amparo no Contrato firmado pela Diretoria de Planos, glosar o que eventualmente esteja sendo cobrado a mais e pagar o que é devido.
À Presidência não cabe firmar contratos que geram custos assistenciais e nem efetuar a conferência e pagamento das contas apresentadas pelos prestadores de serviço.

A consequência desse entendimento falso é da maior gravidade.
Gera, nos associados, o sentimento de que o Banco seja o culpado, não queira assumir sua culpa e force a barra para empurrar o ônus para os associados.

Nessas condições, desconfiam de tudo o que o Banco propõe e recusam, ainda que possa ser a solução mais adequada para os reais problemas da CASSI, portanto o que melhor atende aos interesses do Corpo Social.

O Banco conhece muito bem a realidade, não aceita assumir a culpa que lhe é imputada e por isso não atende integralmente as condições impostas pelos representantes dos associados.

Isso não é impor sua solução, é propor a solução para cada um dos problemas identificados, como eles de fato são.

Essa é a verdadeira causa do impasse.

É indubitável a corresponsabilidade do Banco pela falta de providências a tempo. Ele sabe disso e tem feito grande esforço para resgatar, daí não aceitar apenas mexer na receita e querer a eliminação de entraves ao aperfeiçoamento da gestão, à melhoria da eficiência operacional.

É fundamental que os associados tenham essa compreensão para que nova consulta, se houver, seja aprovada.

Se fosse realizada hoje, não seria, pois o discurso pelo NÃO continua o mesmo, inclusive por parte de ocupantes de cargos relevantes, o que não contribui para a reabertura de negociação reivindicada por várias entidades.

O fato é que, enquanto não for aprovada alteração estatutária que eleve a receita e elimine deficiências existentes, é iminente o risco de a CASSI não dispor de recursos para pagar todos os compromissos assumidos com os prestadores, o que certamente provocaria suspensão de atendimento por parte deles, inclusive daqueles que compreenderam a situação e concordaram em reduzir seus preços para que continuassem a receber em dia suas faturas.

Nada, absolutamente nada, é pior do que isso para os associados.
Diante desse quadro, pode a governança da CASSI cruzar os braços e esperar os acontecimentos?

Evidentemente, não.

Ela tem o dever de diligência.

Tem que fazer o que estiver a seu alcance para reduzir custos, principalmente assistenciais, além do que já tem feito com resultados positivos, porquanto elevação de receita está fora de seus poderes.
Certamente medidas de redução de custos assistenciais afetam os associados e devem ser adotadas a contragosto, porém visam evitar mal maior, são emergenciais, temporárias e deverão ser revertidas assim que forem aprovadas pelo Corpo Social as alterações estatutárias necessárias.

É importante ressaltar que, ao contrário do que muitos imaginam, a ANS não tem poderes para interferir no relacionamento dos associados com o Banco, muito menos para restabelecer a confiança do Corpo Social no patrocinador, sem o que não se pode vislumbrar vida longa à CASSI.

Em resumo, a continuidade das atividades da CASSI é possível e depende de os associados tomarem ciência de toda a realidade, abandonarem convicções equivocadas alicerçadas em premissas falsas, ainda que alardeadas por formadores de opinião igualmente equivocados, e sinalizarem claramente o indispensável reposicionamento.

Enfim, o desfecho está nas mãos dos associados.

Esperemos que tomem a melhor decisão.

SÉRGIO FARACO